terça-feira, 12 de agosto de 2014

GRALHA PINHÃO E PROSA AO REDOR DO FOGO DE CHÃO

Por Vinicius Campos
    
        Era cedo! De manhazinha ainda... Nos preparávamos para mais uma vez catar pinhão. Os campos estavam todos ainda coberto por uma fina camada de geada.
          O pinhão é o fruto da araucária, bastante abundante e apreciado pelo povo serrano. Não é difícil encontrar campos de araucárias majestosas a se perder de vista...
            O sol já começava a brilhar, mas ainda fazia frio. Já estávamos lãs pelas bandas da Frascal, onde as araucárias refletiam sobre um rio de bravas correntezas. Como estávamos cansados, sentamos a sombra para comer o belo carinhosamente preparado pela minha avó.
            Foi ali, sob uma centenária araucária que sentimos um vulto lançar voo da copa de uma das árvores. A principio pensamos ser um bugio, macaco bastante comum em nossa região. Mais a frente, porém, notávamos que o vulto nos acompanhava estando sempre a nossa frente como se o espantássemos.
            Pouco depois, percebemos que estávamos enganados.  Não se tratava de um bugio, mas uma bela e imponente gralha com plumagem azul que fazia vôos rasantes de copa em copa dos muitos pinheiros que ali existiam.
A ave, que tanto nos encantava, nos fez pensar sobre a sua importância para toda a região. A gralha, que ao se alimentar do pinhão acaba contribuindo para que os pinheirais da serra aumentem cada vez mais... São estes pequenos pássaros que semeiam novas araucárias, que geram, a cada ano, novas pinhas e muitos pinhões...

Ao cair da tarde, com o frio presente novamente, voltamos para casa. Ao anoitecer, nos reunimos no quintal ao redor do fogo de chão. O mesmo brasedo que assava uma suculenta costela sapecava o pinhão. E de prosa em prosa o bom chimarrão passava demão em mão.


CRÔNICA escrita pelo aluno Vinicius Antunes de Campos para a Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro 2014

Vinicius Antunes de Campos

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