Por Vinicius Campos
Era
cedo! De manhazinha ainda... Nos preparávamos para mais uma vez catar pinhão.
Os campos estavam todos ainda coberto por uma fina camada de geada.
O pinhão é o fruto da araucária,
bastante abundante e apreciado pelo povo serrano. Não é difícil encontrar
campos de araucárias majestosas a se perder de vista...
O sol já começava a brilhar, mas
ainda fazia frio. Já estávamos lãs pelas bandas da Frascal, onde as araucárias
refletiam sobre um rio de bravas correntezas. Como estávamos cansados, sentamos
a sombra para comer o belo carinhosamente preparado pela minha avó.
Foi ali, sob uma centenária
araucária que sentimos um vulto lançar voo da copa de uma das árvores. A principio
pensamos ser um bugio, macaco bastante comum em nossa região. Mais a frente,
porém, notávamos que o vulto nos acompanhava estando sempre a nossa frente como
se o espantássemos.
Pouco depois, percebemos que
estávamos enganados. Não se tratava de
um bugio, mas uma bela e imponente gralha com plumagem azul que fazia vôos rasantes
de copa em copa dos muitos pinheiros que ali existiam.
A
ave, que tanto nos encantava, nos fez pensar sobre a sua importância para toda
a região. A gralha, que ao se alimentar do pinhão acaba contribuindo para que
os pinheirais da serra aumentem cada vez mais... São estes pequenos pássaros
que semeiam novas araucárias, que geram, a cada ano, novas pinhas e muitos
pinhões...
Ao
cair da tarde, com o frio presente novamente, voltamos para casa. Ao anoitecer,
nos reunimos no quintal ao redor do fogo de chão. O mesmo brasedo que assava uma
suculenta costela sapecava o pinhão. E de prosa em prosa o bom chimarrão
passava demão em mão.
CRÔNICA escrita pelo aluno Vinicius Antunes de Campos para a Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro 2014
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